quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Morfema Zero ou Morfema Nulo?

Olá!
Após vários meses sem vir até aqui, volto hoje para comentar algo que me fez pensar muito nas últimas semanas. Como alguns sabem, sou estudante de Letras pela UnB e há várias perguntas que estão se respondendo cada dia que passa. Uma dela é sobre o Morfema zero.Algo importantíssississimo para se ensinar à qualquer curioso da língua portuguesa. Mas, afinal, o que é morfema zero?

Primeiramente, vamos aprender o que é morfema, certo? Bem, Segundo Petter (uma autora que conseguiu ser didática escrevendo. MILAGRE EM PESSOA) Morfema é: "uma forma recorrente com significado que não pode ser analisado em formas recorrentes menores" , ou seja, só faz sentido se todos os seus elementos (morfes) estiverem juntos.

Vamos ao exemplo para facilitar as coisas para nós. Acreditem, é para nós mesmo.

Usaremos agora o Verbo Beber no Pretérito Imperfeito do Indicativo:

V. Beber
P.I.I
Raiz
VT
TAM
NP
Eu
Beb
0
Ia
0
Tu
Beb
0
Ia
s
Ele
Beb
0
Ia
0
Nós
Beb
0
Ia
mos
Vós
Beb
0
Ie
S
Eles
Beb
0
ia
m

VT: Vogal Temática
TAM: Tempo; Aspecto; Modo.
NP: Número; Pessoa.

"Ok Roberto, mas onde está a sua dúvida nesse verbo? " Logo após essa flexão no presente do indicativo, eu pergunto a quem está lendo: Qual a diferença entre a 1ª pessoa do singular e a 3ª pessoa do singular? Levantada essa questão, Analisaremos o quadro anterior.

Percebam que há muitos zeros nesse quadro, mas eles tem muito valor. "tem?" Sim, tem. Pois esses zeros não estarem ocupados é o que dá sentido a tudo. Vejamos, por exemplo o verbo exemplificado em primeira pessoa do plural. Bebiamos. Se qualquer falante do português falar em qualquer contexto a palavra sozinha, já se tornaria uma frase, pois beber é verbo e uma frase com sentido completo. Veja que a Raiz Beb  faz o com que o sentido do verbo não se perca, pois as flexões nele são, somente, em seus sufixos, ou seja, após a raiz. Ok. Isto está certo e sem dúvidas. Agora vejamos o resto. Beb - Ia- Mos . Nós temos aí, então, Ia que representa o Tempo; Aspecto e Modo, ou seja, o ouvinte saberá, no mínimo, que o verbo está no pretérito e Mos que determina a pessoa 'envolvida' nesse verbo.

Lembremos que no título desse post há o questionamento sobre os espaços vazios, certo? Pois bem, para quê serve esses espaçamentos? E qual a diferença de Zero e Nulo? O que esses espaços são, afinal?

Esses espaços são legitimamente morfemas zero. A razão é simples e podemos ver pela próprio nome. Zero é um algorítimo que se tiver a direita de um número, pode aumentar sua dimensão. Nulo é aquilo que não tem validade seja em qualquer hipótese. Dúvidas ainda?

Vejamos a palavra criança. Qual o plural dessa palavra? Você respondeu crianças, certo? Pois bem, conseguem ver a função do morfema zero? Não? Vamos lá. Você definiu crianças como sendo plural, mas qual a razão? Se você respondeu que acrescentar o 'S' resolve a questão, você está certo. A língua portuguesa é uma língua com várias marcações em vários sentidos, sendo assim, ela é considerada uma língua flexional, mas isso vemos futuramente. Se a letras 'S' determina o plural, o que define o singular?   Ficou na dúvida? de novo? O espaço em branco ou o 'não S' determina isso. Ficou feio né? Então, chamamos isso de morfema zero. Morfema zero, que em grande parte tem sempre algo do seu lado esquerdo, sendo válido como o zero que é, ele é um espaço com sentido. Entenderam?


Qualquer dúvida é só comentar no post.

Forte abraço e seja feliz.

Um comentário:

  1. Boa noite, Roberto.

    Segue a avaliação da primeira rodada, referente ao dia 15/09/2014:

    Muito legal a tua postagem, Roberto. Gostei da tua leveza, mas sem perder as leituras teóricas. Gostei muito também da tua didática. Parabéns por esse equilíbrio. Mas alguns pontos precisam ser melhorados:
    1. Morfe é a realização física do morfema, sendo falado ou escrito. E morfema concentra-se no significado;
    2. No reconhecimento dos morfemas do verbo "beber" no pretérito imperfeito do indicativo, você acertou no reconhecimento da raiz e do TAM. No NP faltou dizer que em vós, segunda pessoa do plural, o morfema é -is. Outro ponto: se você não conseguiu colocar o símbolo do vazio, é melhor escrever a palavra "zero". Sobre a vogal temática ser zero, questiono isso porque, nos verbos, uma das funções da vogal temática é indicar a conjugação do verbo. E mesmo o -e- de "beber" não aparecendo explicitamente, ele continua sendo um verbo da segunda conjugação;
    3. Em ""Ok Roberto, mas onde está a sua dúvida nesse verbo? " Logo após essa flexão no presente do indicativo, eu pergunto a quem está lendo:
    No caso você conjugou no pretérito imperfeito do indicativo, não no presente;
    4. Faltou desenvolver a diferença entre a primeira pessoa do singular (eu bebia) e a terceira pessoa do singular (ele bebia). Você mencionou, mas não desenvolveu;
    5. Faltou o uso de gênero textual.

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